O lugar da psicanálise na plataformização

mutações narcísicas na Plataformização

Autores

  • Annebelle Pena Lima Magalhães Cruz Universidade do Estado do Amapá
  • Sérgio Rodrigues de Santana Universidade Federal da Paraíba https://orcid.org/0000-0002-1286-0775
  • Carla Daniella Teixeira Girard Universidade Federal Rural da Amazônia
  • Antônio Cosme Menezes Neto Universidade Federal Rural da Amazônia
  • Lília Mara Menezes Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

DOI:

https://doi.org/10.21728/asklepion.2025v4n1e-106

Palavras-chave:

Saúde mental, Subjetividade, Narcisismo, Ciência da Informação, Saúde Mental

Resumo

As profundas transformações decorrentes do acesso e uso da informação e TIC que constituem a Plataformização deram origem às mutações psíquicas, assim afetando a saúde mental. Diante dessa argumentação, qual é o lugar da Psicanálise frente à essas mutações psíquicas no âmbito da Plataformização? O objetivo deste trabalho foi descrever e discutir as transformações subjetivas excedentes da Plataformização. A justificativa se baseia no fato de que ao abordar a Plataformização e seus excedentes é necessário suspender as teorias clássicas, para compreender o novo que surge dela. Adotou a abordagem qualitativa e método de análise de conteúdo aplicado por três protocolares, pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados. O lócus foi a Ciência da Informação e o corpus foi um bibliografia que aborda a Psicanálise nesse campo de 2001 a 2024. Na Plataformização as subjetividades narcísicas que se movem por fluxos de informação, promovendo empoderamentos e protagonismos distorcidos. Essas subjetividades narcísicas podem ser divididas em três espectros: a subjetividade espectral psicótica narcísica, que transita pela ‘realidade psicótica digital’, com uma inclinação para plataformas digitais e jogos, onde o gozo está relacionado ao poder; a subjetividade espectral neurótica narcísica, que transita pela ‘realidade de mediação social, digital e virtual’, marcada pelo conflito entre o desejo de estar conectado e a dificuldade de se adaptar a essa realidade, resultando na ausência de gozo; e a subjetividade espectral perversa narcísica, que transita pela ‘realidade de mediação social e física’, onde o gozo é obtido a partir das fake news.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Annebelle Pena Lima Magalhães Cruz, Universidade do Estado do Amapá

Docente da  Universidade do Estado do Amapá (UEAP),  Doutora em Educação (ULBRA/RS, 2024). Mestre em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local (Centro Universitário UNA/BH/2013). Graduada em Psicologia (UNINCOR/MG/2009), Pedagogia (FBN/AM/2023) e Ciências Sociais (ÚNICA, 2024). Formação Complementar em Pedagogia (FCE/2022).Especialista em áreas interdisciplinares (Psicologia, Gestão, Direitos Humanos, Educação Especial, outros) É coordenadora do Grupo de Pesquisa em Pedagogias Culturais e Pedagogias do Corpo (GPCCORP/UEAP).

Sérgio Rodrigues de Santana, Universidade Federal da Paraíba

Doutor e Mestre em Ciência da Informação pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Graduado em Psicologia (UFPB) e Biblioteconomia e Arquivologia (Uniasselvi), é  especialista em 'Ensino e Interdisciplinaridade' (Uniasselvi) e especialista em Arquivologia (Faculdade Domínios). É líder do Grupo de Estudos em  Interdisciplinaridades e Epistemologias  (GintEpis) e  integra o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Informação, Educação e Relações Étnico-raciais (NEPIE-RE/GEINCOS-CE/UFPB) e  o Grupo de Pesquisa em Pedagogias Culturais e Pedagogias do Corpo (GPCCORP/UEAP).

Carla Daniella Teixeira Girard, Universidade Federal Rural da Amazônia

Possui Graduação em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e Graduação em Formação Pedagógica de Docentes - Habilitação em Letras e Pedagogia pela Faculdade Educacional da Lapa (FAEL), Especialização em Docência da Educação Superior pela Universidade do Estado do Pará (UEPA), Mestrado em Ciência da Informação pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Doutora em Educação pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA/Canoas). Trabalhou como Bibliotecária-Documentalista na Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) no Campus de Oriximiná, Professor Formador e Colaboradora do PARFOR/UFOPA e Vice-Coordenadora do Projeto Bibliocine. Foi Superintendente da Rede de Bibliotecas da Universidade Federal Rural da Amazônia (Redeteca/UFRA), Coordenadora de incentivo à leitura: Projeto Cine Mais Biblio da UFRA/Campus Paragominas e do Projeto Momentos Biblio e Professora Formadora e Tutora Presencial do Curso EAD em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Participa do Grupo de Pesquisa em Inovação, Engenharia e Gestão do conhecimento, e Acessibilidade (IEGA) pela UFRA/Belém e do Grupo de Pesquisa, Cultura e Educação pela ULBRA que encontram-se registrados no Diretório de Grupos de Pesquisa no Brasil.

Antônio Cosme Menezes Neto, Universidade Federal Rural da Amazônia

O autor possuiu graduação no curso de Psicologia pela Universidade da Amazônia - UNAMA, em 2016. Concluiu o curso de especialização (Lato Sensu) pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR) em Psicologia Clínica: abordagem Psicanalítica, em 2018. Tem experiência com Psicologia Social uma vez que atuou no CRAS - Camboatã no município paraense de Paragominas, atuou, ainda, como estagiário voluntário de Psicologia no Hospital de Referência Oncológica, Ophir Loyola em Belém-Pará. No âmbito dos estágios obrigatórios, dedicou-se a rede municipal de ensino, com atuação em duas escolas, sendo elas EMEF Amália Paumgartten e EMEF Alzira Pernambuco e ao Sistema de Justiça, através do Tribunal de Justiça do Estado do Pará, com ênfase em Psicologia Jurídica e exercício na Terceira Vara da Infância e Juventude. Atualmente é servidor técnico administrativo em educação (TAE) na Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). Áreas de atuação do autor são Psicologia Clínica, Psicologia Jurídica, Psicologia Social, Psicologia da Saúde e Hospitalar e Psicologia da Educação.

Lília Mara Menezes, Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

Mestra em Letras (PROFLETRAS) pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, é pós-graduada em Literatura e Ensino, pelo Instituto Federal do Rio Grande do Norte (2011) e graduada em Letras e Artes pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (2005), atualmente é professora na educação básica e tutora do curso Letras-Língua Portuguesa na UERN/UAB.

Referências

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, P.; BRITO, B. P.M.; QUINTELLA, R. R. A subjetividade sob o olhar psicanalítico. Ecos: Estudos Contemporâneos da Subjetividade, Rio de Janeiro, v.4, n.1, 2014. Disponível em: http://www.periodicoshumanas.uff.br/ecos/article/viewFile/1314/969. Acesso em: 18 ago. 2024.

ATKINSON, L. R. et al. Introdução à psicologia de Hilgard. Porto Alegre: Artes Médicas, 2002.

ARAÚJO, H. F. Uma filosofia da percepção em Platão. Archai, n. 13, jul/dez, 2014.

ARAUJO, W. F. Educando para os algoritmos: lógicas da subjetivação a partir da Plataformização da vida. In: BRITES, L.S.; DIAS, K. S.; DARSIE, C., MUTZ, A. S. C; ROCHA, C. M. F. (org.). Estratégias biopolíticas do hoje e a produção de sujeitos: interfaces entre tecnologias na educação e na saúde. Disponível em: https://www.pimentacultural.com/livro/estrategias-biopoliticas/. Acesso em: 18 ago. 2024.

BACHA, M. L.; FIGUEIREDO NETO, C.; SCHAUN, A. Celular: o gadget da inclusão social para a baixa renda. Revista Estudos em Comunicação, Curitiba, v. 14, n. 35, set./dez. 2013. Disponível em: https://www.academia.edu/6812120/Celular_O_Gadget_Da_Inclus%C3%A3o_Social_Para_A_Baixa_Renda. Acesso em: 21 jun. 2024.

BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.

BELKIN, N. J. Anomalous State for Knowledge as bases for information. The Canadian

Journal of Information Science, [s. l.], v. 5, 1980.

CAMPOS, C. J.G. Método de análise de conteúdo: ferramenta para a análise de dados qualitativos no campo da saúde. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, n 57, v.5, set/out. 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reben/a/wBbjs9fZBDrM3c3x4bDd3rc/?format=pdf&lang=pt

.Acesso em: 18 ago. 2024.

CAPURRO, R. Epistemologia e ciência da informação. In: Encontro Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciência Da Informação, 5. 2003, Belo Horizonte. Anais [...]. Belo Horizonte: ANCIB/UFMG, 2003. Disponível em: http://www.capurro.de/enancib_p.htm Acesso em 15 mar. 2022.

CARDOSO, M. R. G.; OLIVEIRA, G. S.; GHELLI, K.G. M. Análise de conteúdo: uma metodologia de pesquisa qualitativa. Cadernos Da Fucamp, Monte Carmelo, v.20, n.43, 2021. Disponível em: https://revistas.fucamp.edu.br/index.php/cadernos/article/view/2347.Acesso em: 18 ago. 2024.

CASTRO, F. F. de A sociologia fenomenológica de Alfred Schutz. In: Ciências Sociais Unisinos, São Leopoldo, v. 48, n. 1, jan/abr 2012. Disponível em: http://revistas.unisinos.br/index.php/ciencias_sociais/article/view/csu.2012.48.1.06/839.Acesso em: 18 ago. 2024.

COIMBRA, C. M. B. Guardiães da ordem: uma viagem pelas práticas psi no Brasil do “Miligre”.Rio de Janeiro: Oficina do autor, 1995.

CHABET, C. Psicanálise e métodos projetivos. São Paulo: Vetor, 2004.

CHAUI, M. S. Dando a Real com Leandro Demori recebe a filósofa Marilena Chaui. [ Entrevista cedida a] Demori, L. TV Brasil, São Paulo, nov. 2024. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ZGwKZtt5xBQ. Acesso em: 18 nov. 2024.

CHAUÍ-BERLINCK, L. MELANCOLIA E CONTEMPORANEIDADE. Cadernos Espinosanos, São Paulo, n. 18, 2008.Disponível em: https://www.revistas.usp.br/espinosanos/article/view/89331.Acesso em: 18 ago. 2024.

DEMO, P. Ambivalências da Sociedade da Informação. Ciência da Informação, Brasília, v.

, n. 2, p. 37- 42, maio/ago. 2000. Disponível https://revista.ibict.br/ciinf/article/view/885. Acesso em: 08 mai. 2024.

DI MATTEO, V. Subjetividade e cultura em Freud: ressonâncias no ‘mal-estar’ contemporâneo. Dossiê Filosofia e Psicanálise, 2007. Disponível em: https://filosofia.fflch.usp.br/sites/filosofia.fflch.usp.br/files/publicacoes/Discurso/Artigos/D36/D36_Subjetividade_e_cultura_em_Freud.pdf.Acesso em: 18 ago. 2024.

FARIA, M. R. Lacan e as estruturas clínicas: neurose, psicose e perversão.Youtube. 2 de setembro de 2022. Disponível em:https://www.youtube.com/watch?v=S8YPiO8jdgc. Acesso em: 02 mai. 2024.

FREUD, S. Novas conferências introdutórias sobre psicanálise. In: FREUD, S. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, v. 22, 1976b.

FREUD, S. Introdução ao narcisismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

FREUD, S. Psicologia de grupo e a análise do ego. In: FREUD, S. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, v. 18,1976a.

GRAÑA, R. B. Além do desvio sexual: analisando a assim chamada perversão. Revista Brasileira de Psicanálise, v.32, p.1, p. 83-101, 1998.

LACAN, J. O seminário. Livro 17. O avesso da psicanálise Rio de Janeiro, RJ: Jorge Zahar. (Trabalho original publicado em 1969-70).

LEAKEY, R. E.; LEWIN, R. Origens. 4. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1982.

LE COADIC, Y. F. A Ciência da informação. Brasília; Briquet de Lemos, 1996.

LEITÃO, C. F.; NICOLACI-DA-COSTA, A. M. A Psicologia no novo contexto mundial. Estudos de Psicologia,v. 8, n. 3, p. 421-430, 2003. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/epsic/v8n3/19964.pdf. Acesso em: 11 jan. 2024.

MENDES, R. M.; MISKULIN, R. G. S.A Análise de conteúdo como uma metodologia. Cadernos de Pesquisa, v.47 n.165 p.1044-1066 jul./set. 2017.Disponível em:https://www.scielo.br/j/cp/a/ttbmyGkhjNF3Rn8XNQ5X3mC/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 13 out. 2024.

NIEBORG, D. B.; POELL, T. The Platformization of cultural production: Theorizing the contingent cultural commodity. New Media & Society, v. 20, n.11, 2018. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/1461444818769694. Acesso em: 13 jan. 2024.

PALETTA, F. C. ; LAGO, J.J.C. Plataformização e o uso da informação para a criação de estímulos de consumo. e-Ciencias de la Información, San José,v.12, n. 1, jun. 2022.Disponível em: https://www.scielo.sa.cr/pdf/eci/v12n1/1659-4142-eci-12-01-114.pdf. Acesso em: 21 jul. 2024.

PAQUIN, V. et al. Trajectories of Adolescent Media Use and Their Associations With Psychotic Experiences. JAMA Psychiatry, n. 81, v, jul. 2024. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/38598210/. Acesso em: 13 ago. 2024.

PINHEIRO, M. T. O estudo do objeto na melancolia. In: KISHIDA, C. A. et al. (Orgs.).Cultura da ilusão. Textos apresentados no IV Fórum Brasileiro de Psicanálise. Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria, 1998.

POLETT, M. NEUROSE E PSICOSE: semelhanças e diferenças sob a perspectiva freudiana. Psicanálise & Barroco em revista, Juiz de Fora.v.10, n.2, dez. 2012. Disponível em: https://seer.unirio.br/psicanalise-barroco/article/view/8702. Acesso em: 5 abr. 2024.

Psicose (Psycho). Direção de Alfred Hitchcock. EUA. 1960. Vídeo DVD.

RACAMIER, P.C. Les perversions narcissiques. Paris: Payot & Rivages, 2012.

SAMPIERI, R. H.; COLLADO, C. F.; LUCIO, P. B. Metodologia de pesquisa. Porto Alegre: Penso, 2013.

SANTANA, S. R.; MARTINS, E. E.; SILVA, L. F. Mediação social e cultura da informação: acesso e uso das TIC e da informação nos processos de fragmentação da subjetividade. In: Encontro da associação de educação e pesquisa em Ciência da Informação da Ibero-América e caribe, 9, 2016, Belo Horizonte. Anais [...] Belo Horizonte; UFMG, 2016. Disponível em: http://edicic2016.eci.ufmg.br/anais/#modal. Acesso em: 13 jan. 2024.

SANTANA, S. R. et al. Aspectos psicanalíticos acerca da ‘era da pós-verdade’: um estudo exploratório das intenções de usos dos insumos para produzir e disseminar as fake news na realidade virtual. In: Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação, 30, 2024, Recife. Anais [...] Recife: UFPE, 2024. Disponível em: https://portal.febab.org.br/cbbd2024/article/view/3123. Acesso em: 18 jan. 2025.

SCHUTZ, A. Phenomenology of the social world. Evanston, Northwestern, 1967, 255 p.

TENÓRIO, C. M. D. O conceito de neurose em Gestalt-terapia. Universitas Ciência e Saúde. Brasília, v.1, n.2, 2003.

VALE, A. L. A.; CARDOSO, M.R. Sua Majestade, o perverso”: domínio e onipotência nas perversões. Psicologia USP, São Paulo, v. 31, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pusp/a/jWCsfG7CrTQmNvnbm9DcHfc/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 13 ago. 2024.

ZIMERMAN, D. Fundamentos Psicanalíticos: teoria, técnica e clínica: uma abordagem didática. Porto Alegre: Artmed, 1999.

Downloads

Publicado

21-03-2025

Como Citar

CRUZ, A. P. L. M.; SANTANA, S. R. de; GIRARD, C. D. T.; MENEZES NETO, A. C.; MENEZES, L. M. O lugar da psicanálise na plataformização: mutações narcísicas na Plataformização. Asklepion: Informação em Saúde, Rio de Janeiro, RJ, v. 4, n. 1, p. e–106, 2025. DOI: 10.21728/asklepion.2025v4n1e-106. Disponível em: https://asklepionrevista.info/asklepion/article/view/106. Acesso em: 1 abr. 2025.